VII ENCONTRO DE PSICOLOGIA E COMUNHÃO 1, 2 e 3 de Agosto de 2014
Rio de Janeiro
Origens
A partir dos anos 90, Chiara Lubich, a fundadora do Movimento dos Focolares, foi condecorada por 16 universidades, em diversas partes do mundo, resultando em uma evidência sempre maior do valor revolucionário contido na sua, já conhecida por muitos, "espiritualidade da unidade".
Em fevereiro de 1999 a Universidade de Malta atribuiu a Chiara o Doutorado H. C. em Letras e Psicologia, evidenciando na sua doutrina
"uma chave hermenêutica original do sujeito humano, tendo fornecido um modelo de vida (...) caracterizado por um equilÃbrio entre o respeito pela individualidade da pessoa e a reciprocidade nos relacionamentos como um valor. Isso, associado à valorização positiva da dor e do negativo na história pessoal e coletiva, ajudou a cultivar uma visão integral da pessoa no campo da Psicologia".
Renovados e estimulados por esses fatos, os profissionais da saúde mental, psicólogos, psiquiatras e demais estudiosos das ciências correlatas, aderentes ao carisma da unidade, passaram a encontrar-se e refletir sobre a incidência da espiritualidade na ciência, e, neste caso, a sua relação com a psicologia. Tais encontros e estudos resultaram em um primeiro evento internacional, em Roma, Itália, em 2002, entitulado "Rumo a um pleno humanismo". Nos anos sucessivos foram muitos os eventos de trocas e de confronto em várias cidades italianas, em outros paÃses e também no Brasil, envolvendo um número sempre maior de participantes. Foi assim que, em 2005 realizamos o I Encontro de Psicologia e Comunhão no Brasil, em Belo Horizonte.
Em Roma, após o primeiro, sucederam-se dois congressos, sendo que em 2008 o tema desenvolveu-se sobre "A realização do indivÃduo na pós-modernidade. O sentido de si e o encontro com o outro" e em 2012, o tema foi "Perspectiva de pesquisa e intervento em Psicologia: identidade, reciprocidade e dom".
Hoje, o interesse por essa aproximação original, contido no "paradigma interdisciplinar da unidade" (cfe. Doutorado H. C. em Ciências Sociais, Lublin, 1996), vai para além da pertença ao Movimento dos Focolares, atingindo também profissionais e estudantes de diferentes origens e experiências. Muitos estudiosos, de diferentes escolas, sublinham que a experiência intersubjetiva é constitutiva do indivÃduo e as interações que favorecem o reconhecimento recÃproco estão na base do "desenvolvimento ótimo" da personalidade. Afirmam ainda que situações de sofrimento ou de bloqueio do desenvolvimento psÃquico podem dar origem a novas experiências de competências, de reparações e de esperança, quando são ativados espaços de troca autêntica.
Para Chiara Lubich, o indivÃduo tem sempre a possiblidade de ampliar o olhar das suas relações interpessoais, integrando-se com os outros, até transcender-se; o outro, longe de ser somente um meio, é um fim em si mesmo, mas em uma dinâmica relacional: o eu retorna em si para reencontrar-se enriquecido pela contribuição do outro. Para Lubich, o desenvolvimento psÃquico individual é conectado com o dos outros, o que permite experimentar uma identificação com o outro. A sintonia que se entreve entre os atuais estudiosos de psicologia e as suposições e as práticas propostas por Lubich permitem especular um campo fecundo de pesquisa com a finalidade de fornecer outras contribuições para o bem estar do ser humano.